quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O Gato


O Gato

O gato à sua janela,
ao sol que brilha fulgindo,
vai dormindo,
vai pensando
e vai sonhando:

”Ó minha linda casinha,
tu és minha, muito minha,
nem há outra melhor que ela!”

O gato à sua janela,
ao sol que brilha fulgindo,
vai dormindo,
vai pensando
e vai sonhando:

Pelas longas noites de invernia,
quando o vento, num lamento,
muito lento, muito longo,
muito fundo, de agonia,
ruge e muge,
e a chuva bate à janela,
nos vidros, fina a tinir,
- ai como é bom dormir
ao serão, todo enroscado
ao pé do lume doirado,
fazendo ron-ron, ron-ron…

O gato à sua janela,
ao sol que brilha fulgindo,
vai dormindo,
vai pensando
e vai sonhando:

“Não tenho inveja a ninguém:
nem aos pássaros no ar,
a voar;
nem aos cavalos saltando,
galopando;
nem aos peixinhos do mar,
a nadar;
não tenho inveja a ninguém,
aqui da minha janela,
onde me sinto tão bem…

Ó minha linda casinha,
tu és minha, muito minha,
não há outra melhor que ela!”

Afonso Lopes Vieira

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